domingo, 29 de janeiro de 2012

Tristeza

Em dezembro, uma mãe muito corajosa fez o seguinte depoimento, do que ela chama de "o pior dia da minha vida":


O pior dia da minha vida
Uma semana após ter sido internada no hospital da mulher (unidade de saúde do SUS), para tentar controlar o nível de infecção em que me encontrava (por ter tido a bolsa rompida, ainda estando com 22 semanas de gestação); eu entrei em trabalho de parto na madrugada do dia 16/12/2011.
Fui encaminhada ao CO (local onde são realizados os partos) para ser acompanhada de perto pela equipe medica. A dor era tanta e tamanha que eu só implorava a Deus que a fizesse cessar. 
E três horas após eu tive minha bebe sozinha e Deus sobre os olhos apenas de uma paciente que estava no leito ao lado. 
Chamei as enfermeiras, avisando que minha filha havia nascido!
_ “a imagem da minha filha na beira da cama de barriga para cima com o coração nitidamente batendo! Me dilacera”. 
Foram instantes angustiantes, pois eu sequer sabia se tinha sido ouvida.
Duas moças entraram na sala, uma delas levou minha filha e a outra da porta me perguntou se eu queria vê-la, disse que seu coração estava batendo fraquinho, e em seguida olhando para direção que minha filha estava disse: parou! 
Eu sangrava tanto que ate transbordava pelas laterais da cama, sem comentar os enormes coágulos de sangue que estavam sobre a cama “parecia um filme de terror, e foi!” 
Durante 22 semanas sophie (minha filha) foi minha razão ate de respirar e perde-la me mutilou.
A dor física não passou, e cansada de esperar o medico ( qual eu sequer sei o rosto) apertei o pé da barriga e expulsei a placenta. 
Me foram feitas promessas: de que minha filha teria socorro, e que ninguém ficaria de braços cruzados com uma vida nas mãos.
E eu lógico que acreditei!  
Mas ninguém se importou com a minha vida e da minha filha!
Eu lutei me superei e me doei, tanto, mas tanto... Que era claro a qualquer ser que tivesse olhos! 
Uma bebe de 22 semanas ate pode ser considerada inviável... Mas enquanto houver vida algo deveria ser feito. 
Eu peço socorro! Não pela minha filha que já se foi, ou por mim que nem sei se vou ter outro bebê um dia! Mas para que os sonhos e desejos de outras mulheres não sejam destruídos e dilacerados como foram os meus! 
Eu tenho um companheiro há sete anos “ entre namoro, noivado e casamento” e não sei o que esperar do futuro... Já que estávamos na fase de aumentar a família e fomos podados de forma brutal.
Eu espero em Deus, que delete da minha memória, aqueles momentos, e que me faça forte suficiente para superá-los.
eu sei que sophie esta nos braços de DEUS!!! mas sua falta, sua partida! doi de tal maneira que nem cabe em mim... nao sei se um dia vou superar nao tÊla ao meu lado; mas é certo que jamais esquecerei a imagem dela sobre a cama com o coraçao notoriamente batendo!
nao entendo como um ser humano pode ser tao monstruoso?

Neste blog, muito tímido, buscamos sempre trazer esperança e informação sobre o bebê prematuro e sua família.Mas às vezes é necessário lembrar que tanto um quanto a outra são desprezados voluntariamente, sem nenhum pudor. Isso precisa mudar. Tanto o bebê quando a mãe e sua família merecemserhouv

As cenas narradas aqui são dignas de polícia. Não porque um bebê tão novinho faleceu (as chances às vezes são grandes), mas pelo direito à vida,pelo bom cuiadado, pela guarda dos pacienes.bobage

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cresce número de bebês nascidos com baixo peso no país

Da Folha:


Na contramão da melhoria dos indicadores de saúde de recém-nascidos, o índice de bebês com baixo peso ao nascer vem aumentando no Brasil nos últimos anos. 

Dados preliminares do Ministério da Saúde tabulados pela Folha mostram que, no ano passado, o índice de bebês nascidos com menos de 2,5 kg foi de 8,4%. 

Há dez anos, era de 7,9% --o ideal, para a OMS (Organização Mundial da Saúde), é abaixo de 5%.
O valor é puxado por Estados mais desenvolvidos, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, onde o índice chega a 9,5%. 

Nesses locais, há uma porcentagem maior de cesáreas --o que, dizem os médicos, é a principal explicação para o fenômeno. 

"A cesariana programada faz a criança nascer antes do tempo ideal, com peso baixo", diz Renato Procianoy, presidente do departamento de neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Para o Ministério da Saúde, o aumento é "progressivo e preocupante". "Estamos criando uma geração de baixo peso, que terá muito mais chance de ter obesidade, diabetes e hipertensão", afirma Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde. 

O baixo peso ao nascer traz risco de doenças crônicas e reduz a expectativa de vida.
"Não adianta colocar na UTI neonatal. Ela dá uma falsa segurança de que vai dar conta da saúde do bebê, o que não é verdade", afirma o epidemiologista e coordenador da Pastoral da Criança, Nelson Arns Neumann. 

Magalhães ressalta ainda que a UTI tem alto custo e aumenta o risco de infecções. 

O governo quer estimular o parto normal e diz estar investindo no atendimento à gestante pela Rede Cegonha, programa lançado em março para ampliar a assistência a mães e bebês na rede pública de saúde. 


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Exigimos respeito

Somos, segundo a OMS, mais de 13 milhões a cada ano.
Isso é alguma coisa perto de 10% de todos os bebês nascidos vivos no planeta.
Desses 13 milhões, 1 milhão de nós não consegue sobreviver e morre por condições inadequadas de atendimento.
A maioria de nós chega ao mundo pelos paises de economia frágil: Asia e Africa.
Ali também é que a maior parte de nós não sobrevive.
Aqui no Brasil temos crescido em numero de nascimentos a cada ano.
Somos pequeno um país dentro de um país.
Um pequeno país de exilados de suas familias.
Confinado a casas de acrilico e a um ambiente exageradamente tratador.
Ao lado das aminas salvadoras, recebemos excessivos luz, som, dor, manipulação, falta de sono, privação do amor, do calor e do leite materno...
Sabemos que esse exilio cruel é decretado em nome de nossa cura.
E temos consciencia de que o esf orço das equipes de saude para garantir nossa sobrevivencia tem sido surpreendente e essencial.
é cada vez mais certa a certeza de que retornamos para o colo de nossas mães e para o seio de nossas familia sobrevivendo a pressagios de morte certa e às previsões mais pessimistas...
Somos imensamente gratos à ciencia que tem nos permitido estar aqui, salvos do caos gerado por um nascimento fora de época, antes do que era para ser...
Mas hoje queremos nesse manifesto juntar nossos frageis corações e nossa delicada saude num esforço ultra humano e dizer para o mundo que nos cuida, nos cataloga, nos cochraneia e nos transforma em teses de mestrado, doutorado, artigos, livros, entrevistas e reportagens pelo mundo afora:
Exigimos respeito.
Nossas mães, enfraquecidas, não tem permissão para estar em nossa companhia pelo tempo inteiros que ambos precisamos.
Muitas das UTIS para onde nos confinam não tem sequer espaço para recebe-las.
C hamam de UTI Neonatal como se nós, neonatos, fossemos independentes de nossas mães e como se nossas vidas não pecisasse da delas para crescer com harmonia e integraldade.
E sequer destinam recursos para garantir vagas para muitos de nós nessas UTIs. Muitas mrtes correm por socorro insuficiente. Por condição tecnica insuficiente. Por pessoal insuficiente. Somos assim, por esse descaso oficial, tratados como supérfluo, como sobra. Sobreviver é lucro, não essencial. Como se a vitória de uns de nós alcançada em grandes e melhores centros não pudesse, por conta disso, dessa disparidade de consições, ser estendida a todas as Unidades do mundo. E como se não fosse possivel existir Unidades suficientes no mundo para todos nós. Somos a sobra. E assim, muitos de nós nascemos decretados à morte por simples descaso da humanidade. E olha que a história deve grandes passos de sua caminhada a homens que um dia nasceram prematuros as que o cuidado materno preservou para a vida: Einstein, Newton, Picasso, Darwin, Vitor Hugo... Se a humanidade sem eles seria tão mais triste, por que não investimos numa humanidade com todos nós, com uma humandade inteira?
Respeito.
Inadmissivel perceber que as pessoas falam alto nas UTIs como se as UTIs fossem a casa delas, não nossa.
Como se cuidar de nosso cérebro em desenvolvimento (foi assim que aprendemos com a tia Raquel Tamez) não tivesse a haver com falar baixo e causar menos barulho e menos dano, perturbar menos nosso sono, impedir menos nosso repouso...
Nossos cuidadores precisam respeitar nossa dor e trabalhar para não causa-la a cada agulhada entre as interminaveis colates de exames muitas vezes protocolares que atendem cada vez mais às necessidades deles e não às nossas.
A luz nas UTIs não precisava ser tão forte nem ser forte o tempo inteiro. Precisamos de um pouco de penumbra. Preservar noss sono, como humanos. A ciencia não já determinou que é no son o que nosso cérebro se reorganiza e registra aprendizados e memória? Se já inventaram a luz de cortesia para os onibus por que não as utilizam em nosso favor?
As equipes que cuidam da gente precisam saber como conversar conosco, mas para isso precisam entender as coisas que dizemos com nossas mãos, com nossos olhos, com nossa boca, com nossas perninhas, com nossos dedinhos, com nossos pés... Pecisam entender quando dizemos: preciso ficar sozinho ou quando chamamos: fica aqui comigo. Precisam aprender quando cansamos. Precisam entender quando dizemos: voce não acha qe está exagerando? Precisam nos proteger do cansaço, da fadiga, da exaustão...
Somos impedidos do contato com o seio materno sob alegações que graças a Deus muitos serviços já provaram serem descabidas. Muitos de nós somos afastados da primeira experiencia com o seio materno até que completemos 34 semanas ou atinjamos 1800 ou 2000 gramas. Abandonam nossa boca. Nossa possibilidade de suc ção é reduzida. Mas não se acanham de nos oferecer através de sondas, gazes, tubos e outras geringonças um sem numero de experiencias orais negativas e desestabilizadoras.. Felizmente muitos de nós ja temos contato com a mama da mamãe (que é mamãe porque nos oferece a mama, ne?) com pesos proximos a 1200 gramas e é ai que aprendemos a sugar para que possamos, depois dai, aprendermos a mamar...
Exigmos respeito.
Ter nossas vidas salvas mesmo sob condiçôes de muito empenho e dedicação não pode ser o argumento para nos transformar em refens silenciosos de um tratamento que não cuida de observar nossa individualidade, de nos reaproximar de nossa mãe, de nossa familia, de nos tratar de modo contingente e ajustado...
Ah...
É por conta disso que exigimos respeito.
Há pouco mais de 30 anos na Colombia os tios Hector e Edgar Rey mostraram ao mundo como amamos nossas mães e como seu calor, seu amor e o leite de seu peito são essenciais pr a nosso crecimento saudável.
Há pouco mais de tres decadas alimentamos, 13 milhões a cada ano no mundo, a esperança de permanecer vivos além da bioquimica e cuidados além da farmacologia.
Exigimos respeitos.
Somos bebês que nasceram antes da hora do que era pra ser.
Não somos outra espécie de gente. Somos humanos. Temos direitos inalienávis e inegociaveis que são trocados e esmagados a cada entubação ou a cada necessidade de dobutamina ou de coleta de serie branca, glicose e cálcio.
Exigimos respeito.
Um respeito que é nosso por direito.
Um respeito universal.
Um respeito que faz parte da Lei de Deus.
Obrigado.

Um bebe nascido prematuramente, integro nas suas capacidades de atenção e interação e digno de ser em todos os lugares e sem distinção reconhecido como pessoa diante da lei.

Luis Tavares
in www.alemdauti.blogspot.com

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Notícias de prematuridade


Gravidez precoce aumenta risco de cegueira infantil
Mdemulher
Para Queiroz Neto, a gravidez nessa faixa estaria esta associada à sobrevida de 80% dos bebês prematuros e esta fazendo a retinopatia da prematuridade crescer no país. A doença, caracterizada pelo desenvolvimento desordenado dos vasos da retina que ...
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Escapes de automóvel aumentam risco de parto prematuro
TVI24
Devido à poluição, nascem mais bebés prematuros nas grandes cidades do que nas zonas rurais. Para uma grávida que viva numa cidade grande e poluída as probabilidades de ter um parto pré-termo são muito superiores ¿ mais 30 por cento ¿ às que se ...
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DN Online - Saúde - Prematuros correm risco duplo ao nascer e na ...
Ao todo, foram analisados 674.820 nascimentos, sendo 4,1% deles prematuros, definidos como gestações com duração menor a 37 semanas. ...
www.dnonline.com.br/.../prematuros-correm-risco-duplo-ao-n...

O bebê prematuro na TV

Por Luis Tavares.
Nesta terça feira, 18 de outubro, Dia do Médico, o programa Conexão Brasil (apresentado pela TV Século 21 de Campinas, com transmissão pela parabólica e pelo site http://www.tvseculo21.org.br/conexaobrasil apresentará o tema "O bebê prematuro".
O programa é comandado pelo Dr. José Martins Filho, da UNICAMP, emérito defensor da amamentação no Brasil e autor de um dos livros mais estudados nos anos 80 sobre o tema: Como e porque amamentar.
O entrevistado é o pediatra campista Dr. Luis Alberto Mussa Tavares que esta lançando livro novo (Uma Declaração Universal de Direitos para o Bebê Prematuro - Edição Comentada) e um projeto (Casa de Apoio para a Mãe de UTI).
O programa é dividido em 4 blocos de 12 minutos.
O tema é a abordagem humanizada e respeitosa do bebê prematuro, a importancia do envolvimento da familia em seu cuidado e a visão pessoal desse pediatra acerca das pe rspectivas futuras do atendimento a esse bebê.
Considerando a importancia social do nascimento prematuro para a humanidade, hoje calculado em mais de 13 milhoes de nascimentos anuais, o tema é de importancia fundamental, uma vez que discute o direito à vida e ao tratamento respeitoso de uma imensa parcela de nossa população que nem sempre recebe, por inumeros motivos, acolhimento adequado e contingente de nosso sistema de saude cada vez mais bioquimico e farmacológico e cada vez menos integral.
Convido a todos a dividirem comigo estas considerações tão magistralmente conduzidas pela exeriencia e pelo talento do Dr José Martins Filho.
http://www.tvseculo21.org.br/conexaobrasil
Um abraço.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Bebês Prematuros - Mitos e Verdades

Por Psicopedagogia Clínica - BH / MG:

Todo prematuro é igual
Mito. Existem prematuros tardios e extremamente prematuros (que nascem com menos de 32 semanas). Segundo Victor Nudelman, neonatologista do hospital Albert Einstein, é possível cuidar de bebês a partir de 25 semanas, com peso próximo a 500 gramas. “A ansiedade da mãe de um bebê assim é diferente da mãe de um bebê de 34 semanas. Dependendo do grau de imaturidade, os bebês terão tempos e dificuldades completamente diferentes”, diz.
Bebês de 35 semanas são prematuros
Verdade. “Crianças que nascem antes de 37/38 semanas, por definição, são prematuros”, afirma a pediatra Heloisa Ionemoto, do Hospital Infantil Sabará.
A mãe não pode segurar o bebê prematuro
Mito. Segundo os médicos, as mães devem segurá-lo no colo, desde que com cuidado e sempre orientada pela equipe médica, como ressalta Jorge Huberman, neonatologista do Hospital Albert Einstein. A pediatra Heloisa lembra que há programas como o “Projeto Canguru”, no qual o contato físico entre pai/mãe e bebê prematuro ajuda no desenvolvimento. Mas vale lembrar que a incubadora é importante para manter o pequeno sempre aquecido.
O prematuro precisa passar mais de um mês no hospital
Depende. O risco de mortalidade e doenças específicas está inversamente relacionado à idade gestacional. “Quanto menor a idade gestacional, maior a chance de complicações. Os prematuros com mais de 34 semanas, de um modo geral, se saem muito bem, já os menores enfrentam mais dificuldades. Desta forma, estes bebês precisam de cuidados especiais que podem durar poucos dias a alguns meses, com necessidade de internação hospitalar”, esclarece Maria Otília Bianchi, neonatologista da UNICAMP.
Os órgãos do prematuro não estão prontos
Verdade. Principalmente os pulmões, uma vez que ele fazia a troca de ar por meio da placenta. Por isso é muito comum ele apresentar dificuldades respiratórias, o que requer ajuda para assegurar os níveis adequados de oxigênio. Nudelman alerta para a necessidade de aparelhos que forneçam alguma pressão positiva para o ar entrar e medicações que mantenham o pulmão, ainda imaturo, mais aberto.
O prematuro não pode ser amamentado
Mito. Ele deve ser amamentado, porém não consegue sugar, por isso, a alimentação pode ocorrer por meio de sondas. De acordo com Maria Otília, o ideal é alimentar o bebê com leite materno ordenhado, mas pode ser necessário o uso de nutrição endovenosa. “Mesmos os prematuros maiores são sonolentos, sugam vagarosamente e não ganham peso”, explica.
Quanto menos aparelhos ligados no bebê, melhor ele está
Verdade. Isso significa que o corpo já consegue se manter aquecido sem a necessidade da incubadora, os pulmões estão suficientemente desenvolvidos para garantir o ar necessário, ele já consegue sugar e se alimentar sem ajuda de sondas.
Prematuros terão problemas para o resto da vida
Mito, embora prematuros extremos tenham mais chances de apresentar alguma complicação. “Casos graves, como falta de oxigênio ao nascer, por exemplo, podem deixar sequelas e por isso precisarão de acompanhamento prolongado”, aconselha Heloisa.
O prematuro não pode fazer todos os exames
Mito. Huberman afirma que o acompanhamento clínico e laboratorial, além de exames de imagem para verificar o crescimento e desenvolvimento do bebê são primordiais. A prevenção de doenças acontece graças à extensa bateria de exames.
Ele é mais vulnerável a doenças
Verdade. Principalmente as respiratórias.
As vacinas do prematuro são as mesmas do calendário nacional de vacinação
Verdade. “Mas o pediatra pode orientar de forma diferente, caso haja necessidade”, cita Huberman.
É impossível evitar a prematuridade
Mito. “Com um pré-natal precoce e muito bem feito, é possível detectar os indícios da prematuridade”, diz Huberman. As causas mais comuns do parto prematuro são hipertensão arterial, ruptura precoce das membranas amnióticas e infecções.
O desenvolvimento neurológico do bebê prematuro é diferente
Verdade. “Os prematuros ganham um descontinho, visto que consideramos a data provável para 40 semanas para avaliar as novas conquistas. Por exemplo, um bebê que nasce de 31 semanas ao completar quatro meses deve fazer o mesmo que um bebê não prematuro que completou dois meses”, conta Maria Otília. Porém, este “desconto” acaba quando se completa dois anos. A mesma regra é utilizada para peso e estatura, o que significa que ele tem um tempo a mais para buscar o que perdeu por nascer antes.
Os cuidados médicos devem ser diferenciados
Verdade. Heloisa aponta para a necessidade de assistência médica diferenciada e equipe multidisciplinar, principalmente para os nascidos com menos de 30 semanas. “No futuro, o pediatra poderá indicar outros profissionais, como fisioterapeutas e fonoaudiólogos, se necessário”, acrescenta Huberman.
O bebê prematuro precisa viver numa redoma de vidro
Mito. Após os cuidados extremos no hospital – e o ganho de peso e maturidade necessários para ir para a casa – os médicos sugerem que a família leve vida normal, sempre que possível: passeios, aleitamento materno exclusivo, contato com o mundo exterior, inclusive com outras crianças. “Manter as vacinas em dia, alimentação saudável e evitar o contato com pessoas doentes bastam”, diz Maria Otília.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Uma geração de prematuros

Da Gazeta do Povo:



Uma nova geração que começa a frequentar os consultórios pediátricos desafia os médicos. São crianças prematuras – que nasceram antes da 37ª semana – e que podem ter o desenvolvimento afetado por esta condição. Segundo a endócrino-pediatra Margaret Boguszewski, professora do departamento de pediatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), esta geração tem hoje cerca de 10 anos de idade: “O problema, que não tínhamos 20 anos atrás, é saber se os prematuros irão apresentar problemas no desenvolvimento até tornarem-se adultos”, diz. Todos os anos, segundo o Ministério da Saúde, nascem no Brasil cerca de 3 milhões de crianças, 10% delas prematuras. Desse total, os problemas de crescimento podem afetar em torno de 30 mil. “Nos próximos anos, a demanda por atendimento dessas crianças será muito grande, até pelo aumento desse tipo de nascimento devido ao alto número de gestações de gêmeos e de fertilizações com quatro ou cinco embriões de cada vez”, explica Margaret.

Durante um ano e meio ela analisou o banco de dados de um laboratório farmacêutico americano com informações sobre uma pesquisa mundial em que 3.215 crianças nascidas prematuras com idade entre seis e sete anos foram medicadas com hormônio do crescimento. Os resultados desta análise internacional, que mereceu recentemente uma matéria no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, órgão de divulgação da Sociedade Americana de Endocri­no­­logia, e a observação do crescimento das crianças prematuras sem intervenção de medicamentos no HC/UFPR, foram abordados por ela em entrevista para a Gazeta do Povo.

Existe diferença no desenvolvimento da criança prematura? O período de crescimento pós-nascimento prematuro não é tão favorável quanto o que ocorre na barriga da mãe: a criança sai de um ambiente uterino equilibrado e é exposta a intervenções externas e fica suscetível a infecções. Quando a situação estabiliza, muitas delas não recuperam a capacidade de se desenvolver plenamente.

Os prematuros não conseguem produzir hormônio do crescimento? Não necessariamente. A dificuldade no crescimento não é exclusividade de quem tem deficiência deste hormônio, mas sim pela condição de prematuridade e pela necessidade de cuidados externos. Crescem menos aquelas crianças que além de prematuras são consideradas pequenas demais para a idade gestacional aferida no parto: um nascido aos seis meses, que deveria pesar um quilo, e que ao invés disso nasce com apenas 800 gramas, por exemplo.

Como foi feita esta análise do banco de dados? Ela foi realizada com crianças prematuras que não recuperaram a capacidade de crescimento durante os anos e que, por isso, tinham de usar o hormônio. Um dos fatores da baixa estatura era o fato de terem nascido prematuras. Nós analisamos o primeiro ano de tratamento dessas crianças e vimos que o seu ritmo de crescimento chegou a dobrar com a aplicação do hormônio.

No experimento internacional, como as crianças recebiam o hormônio?Foi usado um medicamento sintético igual ao hormônio de crescimento produzido pelo organismo. Ele foi injetado diariamente nas crianças analisadas por no mínimo um ano. Esta não é uma intervenção capaz de ser feita de forma massiva em toda uma população.

Alguma dessas crianças já se tornou adulta para que todo o seu crescimento fosse analisado? Não, este estudo é recente. Uma primeira geração de prematuros são adultos jovens na faixa de 20 anos e que provavelmente não tiveram intervenções. Já se sabe que existe o risco de um crescimento inadequado, mas a intervenção foi pensada para esta nova geração, pois o tratamento do prematuro é uma ação desta década.

Por que não se trata o crescimento das crianças prematuras antes dos dois anos de idade? Porque há um período mínimo para que ela mostre se tem condições de recuperar o crescimento de forma espontânea. Entre os dois e três anos de idade, a média de crescimento é de 12 centímetros. Se ela cresce mais do que isso, houve recuperação espontânea. Mesmo que o crescimento seja menor, é preciso aguardar. Na faixa de cinco a seis anos, já foi dado o tempo de recuperação espontânea necessário para ver se o ritmo de crescimento é baixo.

No Hospital de Clínicas da UFPR há pesquisas com aplicações de hormônios? A intervenção é complicada, porque precisa de um órgão financiador. A medicação é cara e o estudo em crianças é mais restrito. Neste momento não existe este tipo de ação no hospital. Fazemos uma pesquisa de análise do crescimento espontâneo e resgate desses dados. O que acontece são casos eventuais de crianças prematuras que precisam de atendimento e, analisados caso a caso, elas são tratadas.

Como as crianças que não recebem hormônio se desenvolvem? É pela alimentação reforçada? Até algum tempo existia a certeza de que a criança prematura tinha que ser superalimentada: havia fórmulas lácteas especiais para prematuros, com carga calórica e proteica maiores. Hoje não é mais assim. É preciso deixar a criança se recuperar sem sobrecarregá-la, afinal seu organismo é imaturo. O importante é garantir que o bebê não desenvolva doenças secundárias que possam atrapalhar seu desenvolvimento como problemas intestinais e respiratórios. É preciso manter a criança bem nutrida, mas dar chance para que ela se recupere sem forçá-la.

Em que fase da vida o hormônio do crescimento é mais importante? Ele é importante a vida toda. O bebê produz o hormônio ainda no útero, mas ele tem um papel mais intenso a partir do segundo ano de vida. No primeiro ano de idade, o que mais influencia o crescimento do bebê é a questão nutricional e de saúde. Depois que paramos de crescer, por volta dos 20 anos, a produção do hormônio diminui, mas não para, pois todos precisam dele para regular o metabolismo, manter a quantidade de massa magra e também de gordura, controlar o colesterol no sangue e manter a densidade óssea.

Um abraço.